A Carroça Vazia
Num certo dia, sob o céu claro da Grécia antiga, um pai convidou seu jovem filho para uma jornada a pé, de Maratona até Atenas.
— Vamos caminhar juntos, meu filho — disse o pai com um sorriso sereno.
Os olhos do menino brilharam de entusiasmo.
— Que alegria, meu querido pai! Quem sabe, chegando lá, eu possa ver os sábios discursando na ágora de Atenas!
E assim partiram, os dois, lado a lado, percorrendo estradas de terra e campos abertos, trocando palavras e silêncios, como quem caminha não apenas por lugares, mas também por dentro da alma.
Após algumas horas de viagem, quando o sol começava a declinar suavemente no horizonte, encontraram abrigo à sombra de frondosas árvores, à beira de um riacho cristalino. Sentaram-se, beberam da água fresca e se deixaram embalar pelo canto dos pássaros e pelo som suave da brisa nas folhas.
Foi então que um barulho interrompeu aquele momento de paz. Um som metálico, misto de ranger e bater, ecoava pela estrada de terra.
O menino, curioso, apurou os ouvidos e comentou:
— Parece o barulho de uma carroça...
O pai assentiu calmamente.
— Sim... e é uma carroça vazia.
O menino franziu a testa, intrigado.
— Mas, pai... como pode saber disso se ainda nem a vimos?
O pai sorriu com leveza e respondeu:
— É simples, meu filho. Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que ela faz.
O menino guardou aquela frase em silêncio.
O tempo passou, e o menino cresceu. Tornou-se um homem que andava por entre muitos — ouviu muitos falarem, opinarem, se exaltarem. E, em meio a discursos longos e vazios, lembrou-se da voz serena de seu pai ecoando dentro dele:
“Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que ela faz.”
E compreendeu, então, que aqueles que mais falam nem sempre são os que mais têm a dizer. Aprendeu a valorizar o silêncio, a profundidade e a escuta, pois a verdadeira sabedoria, como a água de um riacho, corre calma e discreta.
Moral da história: Nem sempre aqueles que falam alto, muito ou com frequência têm algo verdadeiro ou profundo a dizer. Assim como a carroça vazia faz mais barulho, pessoas com pouco conteúdo interior muitas vezes são as que mais se exibem, opinam sem ser chamadas ou interrompem sem ouvir. A sabedoria, por outro lado, é silenciosa, observa mais do que fala, age mais do que se vangloria. Ser humilde, saber escutar e falar apenas quando necessário é sinal de maturidade e profundidade. Lembre-se: o verdadeiro valor de uma pessoa não está no volume da sua voz, mas na substância de suas palavras e atitudes.
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