A Casa dos Mil Espelhos

Um cachorro marrom sendo refletido por vários espelhos

Em um vilarejo distante, cercado por colinas suaves e árvors que sussurravam ao vento, havia uma antiga construção coberta por musgos e cercada de mistério. Os moradores a chamavam de A Casa dos Mil Espelhos. Diziam que aquele que entrasse nela, sairia transformado — não por magia, mas por algo ainda mais profundo: um reflexo da própria alma.

Certo dia, um pequeno cãozinho alegre, com os olhos brilhando de curiosidade e o rabinho abanando sem parar, ouviu falar desse lugar. Seu coração saltitou com a ideia de explorar o desconhecido, e sem perder tempo, partiu em direção à casa.

Ao chegar, subiu as escadas de madeira rangente com entusiasmo. Ao empurrar a porta com o focinho, foi recebido por uma cena deslumbrante: mil cãezinhos tão felizes quanto ele! Todos com os olhos cintilantes, orelhas erguidas e rabos balançando como se estivessem dançando ao som de uma mesma melodia.

Ele girou, correu e latiu alegremente — e mil vozes caninas responderam em uníssono, em perfeita harmonia. Saiu de lá com o coração leve, pensando:
Que lugar mágico! Preciso voltar aqui mais vezes.

Pouco tempo depois, outro cãozinho ouviu sobre a mesma casa. Mas este era diferente. Um cãozinho mais fechado, desconfiado da vida e com o olhar sempre cabisbaixo. Ainda assim, movido pela curiosidade, decidiu conhecer o lugar.

Subiu lentamente as escadas, com passos hesitantes. Aproximou-se da porta, mas ao invés de alegria, seu olhar era sério e desconfiado. Quando colocou a cabeça para dentro, encontrou mil cães olhando fixamente para ele, com expressões que ele interpretou como ameaçadoras.

Assustado, rosnou e mostrou os dentes. E em resposta, mil cãezinhos rosnaram de volta. Sentiu o medo apertar o peito e, com o rabo entre as pernas, desceu correndo, pensando:
Que lugar horrível! Nunca mais volto aqui.

A casa, no entanto, era a mesma. Os espelhos, os mesmos. O que mudava era o reflexo — moldado por aquilo que cada um levava dentro de si.

Moral da história: O mundo é como um espelho: devolve aquilo que projetamos. Se carregamos luz, veremos brilho por onde passarmos. Mas se caminhamos envoltos em sombras, talvez só vejamos escuridão.

Antes de julgar os rostos que encontramos, devemos nos perguntar: o que estamos mostrando?
Pois muitas vezes, as respostas que recebemos dos outros são apenas ecos do que emitimos.

Então, quando olhar para alguém, pense: Será que estou vendo o outro... ou a mim mesmo refletido?

O mundo, no fundo, é uma grande casa de espelhos, esperando para refletir o que há dentro de você.

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