A Mente e o Lago Turvo — Um Ensinamento de Buda

Ilustração de Buda com a cabeça iluminada sentado em baixo de uma árvore e segurando um pote de água. Em sua volta estão seus discípulos.

Certa vez, Buda e seus discípulos estavam viajando de uma cidade para outra. No caminho, pararam às margens de um lago para descansar. O sol brilhava suavemente por entre as árvores, e o grupo se acomodou sob a sombra, aproveitando o momento de tranquilidade.

Um dos discípulos, intrigado com os pensamentos que insistiam em perturbar sua mente durante as meditações, se aproximou de Buda e perguntou:

— Mestre, como podemos acalmar a mente quando ela está cheia de pensamentos confusos?

Buda, que estava sentado calmamente debaixo de uma árvore, respondeu com um leve sorriso:

— Estou com sede. Você poderia me trazer um pouco de água daquele lago?

O discípulo se levantou e foi até o lago. Chegando lá, viu algumas pessoas lavando roupas, e mais adiante, uma carroça havia acabado de passar pela água, deixando-a turva e cheia de lodo. Ele tentou esperar que a água clareasse, mas ela continuava agitada, imprópria para beber. Após algum tempo, desistiu e voltou para junto de Buda de mãos vazias.

— Mestre, tentei pegar água, mas ela estava muito suja. Não seria adequado lhe trazer aquilo.

Buda não disse nada. Apenas permaneceu em silêncio.

Passada cerca de uma hora, ele olhou para o discípulo e pediu novamente:

— Vá até o lago e traga um pouco de água, por favor.

O discípulo foi, e desta vez encontrou o lago calmo. A lama havia assentado, e a água estava limpa e cristalina. Encheu o pote com cuidado e voltou até Buda, entregando-lhe a água com um sorriso.

— Agora a água está perfeita — disse. — A sujeira se assentou sozinha.

Buda então olhou para ele com serenidade e disse:

— Da primeira vez, a água estava turva porque havia sido agitada. Mas você esperou, e ela se limpou naturalmente, sem que precisasse fazer nada além de dar tempo. O mesmo acontece com a mente. Quando você me perguntou como acalmá-la, essa foi a resposta: a mente, quando perturbada, está como aquele lago revolto. Se tentarmos forçá-la a parar, agitamos ainda mais os pensamentos. Mas se dermos tempo, ela se acalma por si só.

Ele continuou:

— Muitas pessoas reclamam que não conseguem se concentrar ao meditar. Isso porque elas tentam, com esforço, silenciar os pensamentos. Mas o esforço só traz mais agitação. Esquecem que, como o lago, a mente também precisa de repouso. Só o tempo e a paciência trazem a clareza.

Moral da história: Assim como a água turva se torna límpida quando deixada em repouso, nossa mente também encontra a calma quando não forçamos, mas simplesmente permitimos. Os pensamentos perturbadores não precisam ser combatidos — eles passam, se deixarmos. A paz interior nasce da aceitação e da paciência, não do esforço contínuo. A serenidade vem quando aprendemos a confiar que, no tempo certo, tudo se aquieta

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