O Burro e a Carga de Sal


Uma fábula sobre escolhas impensadas e as consequências da falsa esperteza.

Numa tarde quente, um burro seguia por uma trilha poeirenta, carregando uma pesada carga de sal. Seus cascos batiam ritmadamente contra as pedras, e o suor escorria por seu corpo. Ofegante, ele avistou um rio à frente.

— Só falta isso..., pensou, encarando a correnteza calma, mas traiçoeira.

Com cuidado, começou a travessia. Mas, ao pisar em uma pedra escorregadia, perdeu o equilíbrio e caiu. A água cobriu a carga, e o sal começou a se dissolver rapidamente. Ao se levantar, sentiu algo inesperado: a carga estava incrivelmente leve.

— Ué... o sal se foi!, percebeu surpreso.
— Isso foi... maravilhoso!

Saiu do rio trotando feliz, aliviado com a sorte que tivera. Durante dias, não parou de pensar em como aquele "acidente" lhe fizera tão bem. Um plano começou a se formar em sua cabeça.

Na semana seguinte, o burro recebeu uma nova missão. Dessa vez, carregava fardos de espuma. Ao chegar ao mesmo rio, sorriu satisfeito.

— Hoje não preciso nem tentar. Sei exatamente o que fazer, murmurou, confiante.

Sem pensar duas vezes, atirou-se de propósito na água. Mas algo estranho aconteceu. Ao invés de aliviar, a espuma começou a encharcar, ficando cada vez mais pesada, absorvendo a água como uma esponja.

— Mas... o que está acontecendo?, pensou, tentando sair do rio.

A cada passo, a carga pesava mais. Tentou subir a margem, mas suas pernas já não aguentavam. Escorregou, caiu de novo, e por mais que lutasse, não conseguiu se libertar. A água o cobriu, levando embora a falsa esperteza que o havia conduzido àquele fim.

Moral da história: A esperteza sem sabedoria pode ser armadilha. Nem tudo o que funciona uma vez deve ser repetido cegamente. Cada situação exige discernimento. A verdadeira inteligência não está em copiar um resultado, mas em compreender as circunstâncias.

Quem age apenas por conveniência, sem refletir nas consequências, pode acabar afogado nas próprias escolhas.

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