O Cavalo que Reclamava a Deus
Certa vez, um cavalo ficou preso no meio das areias escaldantes de um deserto. Estava exausto, faminto e sedento. Procurava desesperadamente por água e alimento para recuperar as forças e continuar sua jornada. Fraco e abatido, lamentava sua existência solitária naquele deserto desolado. A cada instante, dizia com tristeza:
— Não, não posso mais. Preciso encontrar um lugar para passar a noite... e um pouco de comida. Sinto-me faminto, a fome me cega...
Seu único consolo era o assobio do vento e o chicote da areia em sua crina. A noite caía, e ele, com medo, tentou levantar-se mais uma vez. Forçou as patas, mas não conseguiu. Fitando o céu escurecido, lamentava sua situação:
— Deus, por que tenho que viver assim? O que fiz para merecer tanta miséria? Tenho sido um bom cavalo. Deveria ter uma boa vida... Mas só tenho sofrido. Estou tão cansado de estar aqui...
Foi então que, no silêncio do deserto, uma voz doce e calma lhe disse:
— Tranquilo, cavalo... estou aqui.
Surpreso, ele ergueu os olhos e viu uma figura suave se aproximar.
— Quem é você? — perguntou, confuso.
O ser respondeu com ternura:
— Sou um anjo. Disse para ficar tranquilo.
Ao ouvir essas palavras, uma paz inexplicável percorreu o corpo frágil do cavalo. Mexendo a cauda, ele perguntou:
— Posso pedir um favor?
— Claro. O que você precisa? — respondeu o anjo.
Com voz trêmula, o cavalo disse:
— Gostaria que perguntasse a Deus por que Ele me abandonou. E quando vai acabar meu sofrimento... Estou tão cansado... sinto que não aguento mais.
O anjo hesitou por um momento, depois perguntou:
— Mas por que pensa que Deus te abandonou?
— Apenas olhe para mim — respondeu o cavalo. — Estou triste, perdido, com fome e sede... só...
O anjo sorriu, com um brilho sereno no rosto:
— Entendi, querida criatura. Mesmo assim, levarei sua mensagem a Ele.
Dito isso, o anjo se afastou suavemente, sumindo no horizonte dourado do deserto. Quando chegou à presença de Deus, contou o que o cavalo havia dito, sua dor e sentimento de abandono.
Deus ouviu com paciência e respondeu:
— Meu filho, não há criatura alguma que Eu tenha criado e abandonado. Vá até ele e diga que pare de reclamar. Caso contrário, pelo tempo que lhe resta de vida, ele não conhecerá a felicidade.
O anjo, surpreso com a resposta, perguntou:
— Mas, Senhor, não há algo que eu possa dizer a ele para aliviar seu sofrimento?
Deus respondeu com amor:
— Sim. Diga a ele que ore todos os dias dizendo apenas: "Obrigado, Deus, por tudo."
O anjo voltou e entregou a mensagem. Dias se passaram. E quando o anjo retornou ao lugar onde estivera com o cavalo, ficou maravilhado com o que viu.
O cavalo estava radiante. Seu pelo brilhava ao sol, as feridas haviam cicatrizado, suas patas estavam firmes e sua expressão era de pura alegria. Ao redor dele, o deserto havia florescido — pequenas plantas cresciam, e um lago de águas cristalinas nascera ali. O cavalo relinchava de felicidade.
O anjo, sem entender, voltou até Deus e perguntou:
— Senhor, viu o cavalo? Ele está vivo, forte, feliz... Como isso é possível?
E Deus respondeu:
— Não havia chance de ele ser feliz. Mas tudo mudou quando começou a orar diariamente dizendo: "Obrigado, Deus, por tudo o que tenho na vida."
O anjo compreendeu, então, que a chave da transformação estava na gratidão. O cavalo aprendera a agradecer — não apenas nos bons momentos, mas em todos os momentos. Quando a chuva fria molhava suas patas, ele dizia:
— Obrigado, Deus, por tudo.
Quando sentia fome ou dor, repetia:
— Obrigado, Deus, por tudo.
E assim, sua vida foi sendo transformada. Não porque os problemas desapareceram, mas porque sua alma se encheu de fé e gratidão. Ele entendeu que sozinho não podia, mas, com Deus, podia enfrentar qualquer adversidade. E encontrou a felicidade onde antes só via desespero.
Moral da História: A história do cavalo que reclamou a Deus nos ensina um princípio transformador: a gratidão muda tudo. Nem sempre podemos controlar as circunstâncias, mas podemos mudar a forma como reagimos a elas.
Muitas vezes, olhamos para o que falta em vez de enxergar o que temos. Lamentamos a escassez, mas esquecemos de agradecer pela vida, pela saúde, pelo ar que respiramos, pelo simples fato de estarmos aqui.
A felicidade não está na ausência de problemas, mas na maneira como decidimos enfrentá-los. Ser grato é uma escolha. Uma atitude que nos conecta com a paz interior e com o divino.
Quando agradecemos, mesmo em meio à dor, abrimos espaço para que a esperança floresça. A gratidão não nega a dificuldade — ela a transforma. E esse é o verdadeiro milagre.
Então, pare por um instante. Olhe ao seu redor. O que você pode agradecer hoje? O simples ato de reconhecer algo bom já é um passo rumo à felicidade.
Seja como o cavalo do deserto: mesmo sem ter tudo, ele agradeceu. E por causa disso, passou a viver em abundância — não só material, mas espiritual.
A gratidão é uma semente. Plante-a todos os dias em seu coração. Ela florescerá quando você menos esperar — e trará frutos de alegria, força e paz.

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