O Dedo do Monge
Conta-se que um velho monge eremita atravessava vilarejos e montanhas, espalhando palavras de paz e sabedoria por onde passava. Era conhecido por sua humildade e pelo poder misterioso que carregava consigo — um dom que poucos compreendiam.
Numa noite fria, enquanto subia pelas trilhas pedregosas de uma serra remota, o vento cortante tornou impossível seguir viagem. O monge, cansado e enregelado, buscava abrigo quando foi acolhido por um jovem discípulo que vivia em uma pequena caverna. O rapaz, com grande respeito, ofereceu sua própria cama — uma tábua coberta com uma pele de animal — e se retirou, deixando o monge descansar em paz.
Ao amanhecer, com o sol brilhando sobre as montanhas e os pássaros saudando o novo dia, o monge se preparava para seguir seu caminho. Mas antes, desejava expressar sua gratidão ao jovem por tanta bondade.
Com um gesto sereno, apontou para uma pedrinha ao lado da entrada da caverna. Num instante, a pedra transformou-se em uma pepita reluzente de ouro puro. O jovem olhou, surpreso, mas seu semblante permaneceu abatido.
Intrigado com a tristeza do rapaz, o monge refletiu por alguns instantes e, numa atitude inesperada, ergueu o dedo em direção a uma montanha inteira à frente deles. Com um brilho ofuscante, toda a montanha tornou-se ouro maciço — uma riqueza incalculável.
Esperava ver alegria nos olhos do discípulo. Mas o jovem continuava triste.
Confuso e tocado, o monge finalmente quebrou o silêncio:
— Meu filho... acabo de transformar uma montanha inteira em ouro como forma de agradecimento. O que mais você deseja de mim?
O rapaz, com os olhos fixos na mão do monge, respondeu sem hesitar:
— Eu quero o vosso dedo.
O monge fechou os olhos por um instante. Entendeu, naquele momento, que o jovem não desejava o bem que lhe fora oferecido. Ele queria o poder. Queria ser como o monge — ou melhor, queria ser o próprio monge. A gratidão cedeu lugar à cobiça. E a cobiça revelou sua verdadeira face: inveja.
Moral da História: A inveja é um veneno silencioso. Mesmo diante da generosidade e da abundância, ela é capaz de cegar e paralisar o coração humano. Em vez de se alegrar com o presente recebido ou buscar crescer com os próprios méritos, o invejoso deseja possuir aquilo que o outro tem — ou ser quem o outro é.
O jovem teve em mãos a oportunidade de mudar sua vida com riquezas inimagináveis. Mas, cego pela inveja, não viu valor em nada daquilo. Preferiu desejar o "dedo" do monge, símbolo do dom e da sabedoria que não se podem simplesmente herdar ou receber — só se conquistam com esforço, tempo e humildade.
Esse conto nos ensina que, enquanto alimentarmos a inveja, seremos incapazes de crescer de verdade. Ficaremos sempre olhando para o que o outro tem, esquecendo de trabalhar nossos próprios dons. Em vez de desejar o que é do outro, precisamos cultivar o que é nosso: desenvolver talentos, abraçar desafios e trilhar com dignidade o nosso próprio caminho.
Quer ter o que os sábios têm? Comece aprendendo como eles vivem.

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