O Poder Das Palavras


Na calçada movimentada de uma grande cidade, entre o barulho dos carros e o vai e vem apressado dos transeuntes, havia sempre um homem sentado. Era um mendigo de aparência simples, barba por fazer, roupas surradas pelo tempo e pelos dias ao relento. A seu lado, uma placa chamava a atenção de quem passava. Mas não era o que se esperava ler naquele contexto.

“Vejam como sou feliz! Sou um homem próspero, sei que sou bonito, sou muito importante, tenho uma bela residência, vivo confortavelmente, sou um sucesso, sou saudável e bem-humorado.”

Alguns paravam, intrigados. Outros balançavam a cabeça, entre o ceticismo e a pena. Alguns o achavam louco. Mas havia também aqueles que, tocados por aquela estranha mensagem, deixavam algumas moedas, como se contribuíssem para um sonho ou para uma crença maior que eles próprios.

No final de cada dia, antes de dormir sob as estrelas ou sob o abrigo de uma marquise, o homem contava as moedas recebidas. E, curiosamente, notava que a quantia aumentava um pouco mais a cada noite.

Certo dia, numa manhã ensolarada, um executivo bem-sucedido, que já o observava há algum tempo, aproximou-se com um sorriso curioso no rosto.

— Você é muito criativo, meu amigo. Já pensou em trabalhar numa campanha publicitária da minha empresa?

O homem ergueu os olhos, surpreso, mas sem perder o bom humor.

— Vamos lá. Só tenho a ganhar, não é?

Foi-lhe oferecido um banho, roupas novas, dignidade. E, a partir daquele momento, sua vida tomou um rumo completamente diferente. De ajudante a colaborador, de colaborador a sócio, e não demorou para que se tornasse um dos maiores nomes da empresa — um exemplo de superação e transformação.

Tempos depois, durante uma coletiva de imprensa, um jornalista perguntou como ele havia conseguido sair da mendicância para se tornar um empresário de sucesso. Com um sorriso sereno, ele respondeu:

— Houve um tempo em que eu me sentava na mesma calçada, mas com uma placa diferente. Ela dizia:
“Sou um nada neste mundo! Ninguém me ajuda! Não tenho onde morar! Sou um homem fracassado e maltratado pela vida! Não consigo um mísero emprego! Mal consigo sobreviver!”

— As coisas só pioravam, e cada dia era mais difícil que o anterior. Até que uma noite, revirando o lixo, encontrei um livro velho. Uma página estava marcada, e ali havia um trecho que me paralisou:

“Tudo o que você fala a seu respeito vai-se reforçando. Por pior que esteja a sua vida, diga que tudo vai bem. Por mais que você não goste da sua aparência, afirme que é bonito. Por mais pobre que seja, diga a si mesmo e aos outros que você é próspero.”

— Aquilo me atingiu como um raio. Era tão absurdo e ao mesmo tempo tão simples... E como eu não tinha nada a perder, decidi mudar os dizeres da minha placa.

Ele fez uma pausa e olhou para a multidão de repórteres à sua frente.

— Acreditem ou não, foi a partir daquele momento que tudo começou a mudar. As palavras que eu repetia se tornaram sementes. E o universo, como um jardineiro atento, cuidou para que germinassem. Vieram as pessoas certas, as oportunidades certas, e a realidade começou a espelhar aquilo que eu decidi acreditar. O segredo estava na fé, na constância, e na coragem de me ver além daquilo que os olhos mostravam.

Uma jovem repórter, com um sorriso irônico, interrompeu:

— O senhor está dizendo, com toda essa certeza, que algumas palavras numa simples placa transformaram a sua vida?

Ele soltou uma risada leve, sincera, e respondeu com sabedoria:

— Claro que não, minha ingênua amiga! As palavras foram apenas o começo. Antes de tudo, eu precisei acreditar nelas.

Moral da História: A verdadeira mudança começa dentro de nós. Palavras têm poder, mas é a crença que damos a elas que transforma nossa realidade. O mendigo da história não mudou sua vida apenas por escrever frases positivas numa placa — ele mudou porque decidiu acreditar nelas, mesmo quando tudo ao seu redor dizia o contrário. Esse é o poder da fé aliada à persistência.

Muitos vivem repetindo frases negativas sobre si mesmos, reforçando limitações e fracassos. O que pensamos, falamos e acreditamos constantemente, molda nossa visão de mundo e, consequentemente, nossas escolhas. O universo responde à vibração daquilo que cultivamos em nosso interior.

Quando escolhemos afirmar o bem, mesmo sem vê-lo ainda, damos um passo rumo à transformação. Não se trata de negar a realidade, mas de ter coragem de enxergar além dela e construir uma nova.

Assim como a terra responde à semente lançada, a vida responde à palavra que acreditamos. Por isso, cuide do que diz a si mesmo todos os dias. Plante palavras de esperança, coragem e prosperidade. Porque, mais cedo ou mais tarde, sua realidade se alinhará àquilo que você verdadeiramente acredita ser. E nesse momento, o impossível começa a se tornar possível.

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