Os Três Irmãos e o Anjo

Três homens em um quarto observando um anjo iluminado na porta

Era uma vez três irmãos muito pobres, cuja única riqueza era uma grande e frondosa pereira. Eles cuidavam dela com dedicação, revezando-se todos os dias para garantir que estivesse sempre bem. Vendo a bondade em seus corações, Deus decidiu ajudá-los — mas antes, quis colocá-los à prova.

Então, Ele enviou um anjo disfarçado de mendigo, vestindo uma túnica velha e rasgada. No primeiro dia, o anjo se aproximou do irmão mais novo e disse:

— Hoje cuidei da pereira, estou cansado e faminto.

Sem hesitar, o jovem colheu algumas peras dos galhos que lhe pertenciam e as entregou ao estranho, que partiu com um sorriso de gratidão.

No dia seguinte, o anjo — ainda disfarçado — procurou o segundo irmão:

— Jovem, sou pobre e muito velho. Poderia me ajudar?

O irmão colheu três grandes peras e, humildemente, respondeu:

— Isto é tudo o que posso te oferecer. Que Deus te abençoe.

— É o suficiente — respondeu o anjo, sorrindo.

No terceiro dia, foi a vez do irmão mais velho. Ele também ofereceu generosamente algumas peras ao mendigo, com o coração aberto.

Diante da bondade dos três, o anjo voltou aos céus e disse a Deus:

— Senhor, esses jovens são puros e generosos. Merecem ser recompensados.

Na madrugada seguinte, o anjo voltou à Terra. Quando os irmãos ainda dormiam em seu humilde leito, ele apareceu diante deles em sua forma radiante. Acordando, os três se ajoelharam, impressionados com a figura luminosa.

— Não temam — disse o anjo. — Vocês são bons e por isso Deus deseja conceder-lhes um desejo a cada um. Sigam-me.

Eles caminharam até um bosque, onde havia uma nascente de águas cristalinas. O anjo virou-se para o irmão mais velho:

— Diga-me o que deseja.

— Que desta fonte brote vinho em vez de água.

O anjo apontou para a nascente, e imediatamente dela começou a jorrar um vinho doce e abundante.

— Este vinho é seu, e nunca se esgotará — declarou o anjo.

Seguiram adiante até um campo onde milhares de pombas se alimentavam no chão. O anjo se dirigiu ao segundo irmão:

— E você, o que deseja?

— Que essas pombas se tornem ovelhas.

Ao sinal do anjo, o bando de aves se transformou em um enorme rebanho de ovelhas gordas e saudáveis.

— Agora são todas suas — confirmou o anjo.

Continuaram a jornada, e então o anjo perguntou ao terceiro irmão:

— E qual é o seu desejo?

— Desejo me casar com uma mulher verdadeiramente cristã.

— Existem apenas três mulheres verdadeiramente cristãs no mundo — disse o anjo. — Duas já estão casadas. A terceira é filha do imperador, e já foi pedida por cinco príncipes. Mas vamos ver o que pode ser feito.

O anjo levou o jovem até o palácio do imperador e falou ao rei:

— Este jovem deseja pedir a mão de sua filha.

Surpreso, o rei respondeu:

— Como se atreve? Ele é apenas um pobre rapaz. Minha filha se casará hoje com um dos cinco nobres pretendentes.

— Permita que Deus escolha — disse o anjo. — Cada um dos pretendentes, incluindo este jovem, deve plantar uma videira no jardim real. Aquele cuja planta produzir cachos de uvas ao amanhecer será o escolhido.

O rei aceitou. No dia seguinte, apenas a videira do jovem humilde estava carregada de uvas maduras e reluzentes. O rei, diante da vontade divina, concedeu a mão de sua filha ao rapaz.

Casados, o anjo os levou até o bosque e disse:

— Vivam com simplicidade e bondade. A verdadeira riqueza está na justiça e no amor. Este bosque será agora o seu lar.

O tempo passou, e um ano depois, Deus decidiu testar novamente os irmãos.

O anjo visitou primeiro o irmão mais velho, agora um próspero produtor de vinhos. Disfarçado de mendigo, pediu:

— Bom homem, me daria um jarro de vinho?

— Um jarro? Está louco? Se eu der vinho a todo mendigo que aparece, ficarei na miséria!

O anjo apenas fez um gesto com a mão. A fonte voltou a jorrar água, e todas as adegas se encheram de água em vez de vinho. Desesperado, o homem gritou:

— O que aconteceu?!

— Deus tirou de você aquilo que não soube compartilhar — respondeu o anjo, e partiu.

Foi então ao segundo irmão, que estava cercado de seus rebanhos. Disfarçado novamente, pediu:

— Senhor, poderia me dar um copo de leite?

— Imagina se eu for dar leite para todo mundo! Vá embora!

No mesmo instante, o anjo fez um sinal, e todas as ovelhas se transformaram de novo em pombas. Os currais desapareceram e com eles toda a fortuna.

— Deus te tirou o que não merecias — disse o anjo.

Por fim, o anjo chegou até o terceiro irmão. Ele e sua esposa viviam numa cabana simples no meio do bosque. A jovem preparava pães quando o anjo, ainda disfarçado, pediu algo para comer.

— Claro! — disseram os dois com um sorriso. — Tudo o que temos, te oferecemos de coração.

Deram pães e chá ao mendigo. De repente, a cabana transformou-se num belo palácio e o bosque, num jardim esplêndido.

— O que aconteceu? — perguntaram, espantados.

— Vocês não pediram nada, mas merecem tudo — respondeu o anjo. — Foram misericordiosos e fiéis. Deus os abençoa.

E assim, o anjo desapareceu.

O casal viveu feliz pelo resto de seus dias, não por causa das riquezas, mas pela bondade que habitava em seus corações.

A moral desta história nos ensina que a verdadeira riqueza não está nos bens materiais, mas na generosidade e na bondade do coração. Os três irmãos, mesmo em sua pobreza, demonstraram compaixão ao ajudar um desconhecido necessitado, sem esperar nada em troca. Porém, ao serem abençoados com riquezas, dois deles permitiram que o egoísmo e a avareza tomassem conta de seus corações, perdendo tudo.

Apenas o terceiro irmão manteve-se humilde e generoso, mesmo após alcançar uma nova vida. Isso mostra que a virtude precisa permanecer constante, independentemente da situação. Quem age com bondade sincera será recompensado de forma duradoura, enquanto aquele que deixa a ganância dominar perde o que recebeu. Deus não valoriza aparências ou status, mas sim a pureza das intenções e a disposição para amar ao próximo. A felicidade verdadeira vem da simplicidade, da compaixão e da fidelidade aos valores do bem.

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