O Carpinteiro e a Última Casa
Era uma vez um experiente carpinteiro que trabalhara durante muitos anos na construção de casas. Seu nome era Joaquim, e sua reputação era de um homem dedicado, detalhista e apaixonado por seu ofício. Durante décadas, ele levantara moradias sólidas e belas, com cuidado em cada prego, em cada tábua e em cada detalhe dos acabamentos. Seu trabalho era respeitado por todos, e muitos sonhavam em viver em uma casa construída por ele.
Certo dia, sentindo o peso da idade e desejando mais tempo com a família, Joaquim decidiu que era hora de se aposentar. Procurou seu patrão, um velho amigo de longa data, e anunciou com serenidade:
— Chegou minha hora. Quero descansar, aproveitar meus netos e deixar os martelos e serras para trás.
O patrão compreendeu, mas fez um último pedido:
— Joaquim, só mais uma casa. Apenas mais uma, e então você estará livre.
Joaquim hesitou. Seu coração já não estava mais no trabalho. Mas, por consideração ao patrão e à amizade construída ao longo dos anos, concordou. Contudo, ao iniciar a obra, algo havia mudado. Diferente das outras vezes, Joaquim não se empenhou como antes. Escolheu materiais mais baratos, foi menos cuidadoso com os acabamentos, e deixou passar detalhes que antes jamais toleraria. Queria terminar logo.
Quando a casa ficou pronta, ainda que por fora parecesse aceitável, Joaquim sabia que por dentro ela não tinha a alma que tantas outras construções suas possuíam. Estava aliviado por encerrar aquele capítulo de sua vida.
Mas então, o patrão apareceu com um sorriso no rosto, entregando-lhe um envelope.
— Parabéns, Joaquim. Esta casa é um presente para você. Uma forma de agradecer por todos os anos de dedicação.
O carpinteiro ficou em choque. Mal conseguiu falar. Sentiu o chão sumir sob seus pés. A casa que havia construído com pouco empenho, com pressa e descuido, era agora o lugar onde ele e sua família viveriam.
Naquele instante, Joaquim compreendeu uma verdade profunda: tudo que fazemos fala sobre quem somos. Cada atitude, cada escolha, cada detalhe revela nosso caráter — mesmo quando achamos que ninguém está vendo.
Com lágrimas nos olhos, ele olhou para a casa e sussurrou:
— Se eu soubesse que era para mim, teria feito o meu melhor.
Mas já era tarde.
Moral da história: Todos os dias estamos “construindo casas” — com nossas palavras, decisões e atitudes. E, mais cedo ou mais tarde, somos chamados a viver dentro daquilo que nós mesmos criamos. Faça tudo com excelência, como se fosse para você. Porque, no fim, sempre é.

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