A Borboleta Azul

Era uma vez um viúvo que vivia com suas duas filhas, meninas inteligentes e cheias de curiosidade. Desde pequenas, enchiam a casa de perguntas — algumas simples, outras desafiadoras até para o mais sábio dos adultos. O pai, dedicado e amoroso, fazia o possível para respondê-las, mas sabia que sua sabedoria tinha limites.

Desejando oferecer às filhas uma educação além dos livros e das rotinas diárias, decidiu mandá-las passar as férias com um velho sábio que vivia no alto de uma colina. Diziam que esse homem conhecia as verdades da vida, e suas palavras eram como sementes plantadas no coração.

Lá no alto, as meninas foram recebidas com gentileza. Dia após dia, testavam o conhecimento do sábio com perguntas sobre o mundo, o tempo, as pessoas, os sentimentos. E ele, com paciência inabalável, sempre encontrava uma resposta, profunda e precisa, como se lesse a alma do universo.

Mas a certa altura, impacientes com a sabedoria que parecia não ter fim, as meninas resolveram pôr o velho à prova de verdade. Queriam pegá-lo em um erro. Foi então que uma delas teve uma ideia.

— Já sei! — disse com um brilho malicioso nos olhos. — Vou pegar uma borboleta azul e esconder entre as mãos. Depois perguntarei se ela está viva ou morta. Se ele disser que está morta, abrirei as mãos e a deixarei voar. Se disser que está viva, apertarei as mãos e a esmagarei. Assim, qualquer que seja a resposta, ele errará.

A outra irmã, relutante, hesitou:

— Isso não parece certo…

Mas a curiosidade venceu. Com a borboleta nas mãos fechadas, subiram novamente até o sábio, que meditava tranquilamente à sombra de uma árvore.

— Sábio — disse a menina, escondendo a borboleta —, diga-me: a borboleta azul que tenho em minhas mãos está viva ou morta?

O sábio ergueu os olhos com suavidade. Olhou profundamente para as meninas e, com um leve sorriso, respondeu com serenidade:

— Depende de você. Ela está em suas mãos.

As duas ficaram em silêncio. A resposta, simples e poderosa, atravessou suas intenções como um raio de luz. Compreenderam, naquele instante, que o que buscavam fora delas estava, na verdade, dentro. O destino da borboleta não estava no conhecimento do sábio, mas em suas próprias escolhas.

E assim é com a vida.

Nosso presente e nosso futuro não estão nas mãos dos outros — não dos pais, dos professores, dos amigos, dos chefes ou do governo. Estão em nossas mãos. Somos nós que decidimos o que fazer com aquilo que recebemos. Somos nós que escolhemos esmagar ou libertar a borboleta azul de nossas decisões.

Cada atitude, cada palavra, cada escolha molda o caminho que trilhamos. Podemos buscar culpados, apontar dedos, lamentar o que não deu certo. Mas, no fundo, sabemos: somos os protagonistas da nossa história.

A borboleta azul continua ali, batendo asas, à espera da nossa decisão.

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