A Lição do Balde de Leite: A História dos Dois Sapos

 

Ilustração de dois sapos amigos caminhando juntos

Em uma floresta distante, havia dois sapos inseparáveis. Um era rechonchudo e vivia rindo alto; o outro, esguio e ágil, sempre com um brilho de esperança nos olhos. Apesar das diferenças físicas, eram como irmãos — companheiros de jornada, de travessuras e de sonhos.

Certo dia, enquanto saltitavam alegremente pelos campos ao entardecer, avistaram algo curioso: um balde grande deixado à sombra de um estábulo. Curiosos como sempre, aproximaram-se cautelosamente. O balde era fundo demais para ver o que havia dentro, mas o cheiro adocicado atiçou a curiosidade dos dois.

— O que será que tem aí dentro? — perguntou o sapo magro.
— Só tem um jeito de descobrir — respondeu o gordo, com um sorriso travesso.

E, sem pensar muito, pularam juntos.

Ao caírem, o susto foi imediato. Estavam mergulhados em um balde cheio de leite! Tentar sair era inútil — as paredes escorregadias não davam apoio algum. Nadavam em círculos, batendo as patas freneticamente, tentando alcançar a borda, mas escorregavam de volta toda vez.

As horas foram passando, e o cansaço começou a pesar.

— Não adianta mais... — resmungou o sapo gordo, ofegante. — Vamos morrer aqui. É só leite... e desespero. Não tem saída.
— Não fala isso! — respondeu o sapo magro, tentando parecer firme, embora a fadiga o consumisse por dentro. — Enquanto estivermos nadando, estamos vivos. Não desista!

Mas o sapo gordo sacudiu a cabeça com tristeza.

— Eu não consigo mais... me perdoe, amigo.

E com um suspiro profundo, deixou-se afundar. O silêncio que se seguiu foi cortante. O sapo magro, agora sozinho no balde, chorou. Mas em vez de parar, bateu as patas com ainda mais força. Em honra ao seu amigo, ele continuaria.

Minutos viraram horas. A lua já havia subido no céu quando, exausto e quase delirando, o sapo sentiu algo estranho sob seus pés. O leite... estava mais denso. A movimentação constante havia transformado o líquido em manteiga!

Com o coração disparado, ele reuniu o que lhe restava de energia e saltou. Pela primeira vez, não escorregou — e conseguiu sair do balde. Cambaleando sob o luar, olhou para trás com os olhos marejados. Ele estava vivo. Mas não inteiro. Faltava um pedaço de sua alma, que afundara junto ao amigo que desistiu.

Ele retornou à floresta em silêncio. Com o tempo, construiu uma vida nova. Casou-se, teve muitos filhos e, em homenagem ao velho companheiro, deu-lhes o sobrenome do amigo gordo. E todas as noites, reunia-os em volta de si e contava aquela história.

— Lembrem-se — dizia ele com voz firme —, enquanto vocês estiverem lutando, a esperança está viva. Nadar pode parecer inútil... até o momento em que tudo muda. Desistir é a única forma certa de perder.

Seus filhos cresceram ouvindo essa história. Alguns riram, outros choraram. Mas todos carregaram em seus corações a mesma lição: por mais difícil que a vida pareça, não desista. Você nunca sabe quando seus esforços silenciosos estarão transformando o leite em manteiga.

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