O Menino que Não Sabia que Era Impossível
Era uma vez dois irmãos inseparáveis. O mais velho tinha 10 anos e o mais novo, apenas 6. Embora tivessem idades diferentes, eram melhores amigos. Corriam pela casa, inventavam jogos na vila e riam até o anoitecer. Não havia um dia sequer em que não estivessem juntos em alguma nova aventura.
Certo dia, movidos pela curiosidade e pelo espírito de descoberta, os dois foram mais longe do que jamais haviam ido. Deixaram para trás as casas conhecidas, os rostos familiares, e seguiram por trilhas e campos abertos até que já não havia ninguém à vista — só eles, o céu azul e o silêncio da natureza.
Foi então que encontraram uma vala funda, com água até a metade. Brincaram em volta dela, correndo e pulando, até que o inevitável aconteceu: o irmão mais velho escorregou e caiu dentro da vala. A água estava fria, o fundo escorregadio, e ele não sabia nadar. Desesperado, começou a gritar por ajuda.
O irmão menor, ao ver aquilo, chorou e gritou também. Mas estavam tão longe que não havia ninguém para ouvir. Por um instante, tudo parecia perdido.
Mas então, o menino de 6 anos viu algo: um velho balde preso a uma corda, talvez esquecido por algum lavrador. Sem pensar duas vezes, ele correu até lá, pegou o balde e lançou na vala, gritando para que seu irmão segurasse firme.
O menino de 10 anos segurou o balde com todas as forças. E, pouco a pouco, o irmão menor começou a puxar. Era pesado, era difícil, seus braços doíam e seus pés escorregavam na terra. Mas ele não parou. Com o coração batendo forte e os olhos cheios de lágrimas, ele puxou, puxou... até que conseguiu tirar o irmão da vala.
Os dois caíram na grama, rindo e chorando ao mesmo tempo. Depois, correram de volta para a vila para contar o que havia acontecido. Mas, em vez de celebração, encontraram dúvidas.
— Isso não é possível — disseram os moradores. — Um menino de 6 anos jamais teria força para puxar um de 10 para fora de uma vala. Vocês estão inventando essa história.
Somente o ancião da vila, um homem de olhar calmo e barba branca como a neve, acreditou. Ele ouviu tudo em silêncio e, ao final, sorriu.
Os moradores o cercaram e perguntaram:
— O senhor realmente acha que isso aconteceu? Como é possível?
E o ancião respondeu:
— A questão não é se aconteceu ou não. A pergunta real é: como um menino de 6 anos conseguiu fazer algo que todos julgavam impossível?
Fez uma pausa e então disse:
— É simples. Porque não havia ninguém por perto para dizer a ele que ele não podia.
Os moradores se entreolharam, sem saber o que responder. E o sábio continuou:
— Às vezes, não é a falta de força que nos impede. É a presença constante de vozes que nos dizem: "você não consegue". Mas aquele menino, naquele momento, estava sozinho com sua coragem. E quando ninguém disse que era impossível... ele simplesmente fez.
Ele então concluiu:
— Nunca subestimem o poder de alguém que acredita. E nunca sejam a voz que desanima. Na vida, há um velho ditado: "O tolo não sabia que era impossível, e por isso foi lá e fez."
Se alguém zombar dos seus sonhos, não ouça. Se disserem que você é fraco demais, pequeno demais ou jovem demais, não acredite. Lembre-se desse menino e da força que só se revela quando a dúvida não está por perto.
Seja forte na mente. Seja forte no coração. E, sobretudo, não permita que os outros lhe digam o que você não pode fazer.

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