O Rei, o Camponês e o Burro

Ilustração de um homem encarando um burro

Era uma vez um rei que, após longas reflexões, decidiu que era hora de se casar. Escolheu uma bela jovem que morava próxima ao castelo e marcou o encontro para oficializar o pedido.

No grande dia, o rei ordenou que chamassem seu meteorologista real.

— Diga-me, irá chover hoje? — perguntou o monarca.

— De forma alguma, majestade. O céu permanecerá limpo por horas — garantiu o especialista, com confiança.

Aliviado, o rei vestiu suas melhores roupas — uma túnica bordada em fios de ouro, botas de couro polido e um manto de veludo escarlate — e partiu montado em seu cavalo branco.

Pelo caminho, cruzou com um camponês montado em um burro. O homem, com simplicidade e olhos atentos ao céu, advertiu:

— Majestade, melhor voltar para o castelo. Vai chover muito em breve.

O rei sorriu com desdém.

— Tenho um meteorologista muito bem pago para me informar sobre o clima. E ele foi claro: não choverá.

Ignorando o alerta, seguiu seu caminho.

Mas logo as nuvens se fecharam, o céu escureceu, e uma tempestade desabou. A chuva caiu com tamanha força que nem o manto real escapou de ficar encharcado. Ao chegar à casa da noiva, ela não conseguiu conter o riso ao ver o rei completamente molhado, parecendo mais um mendigo do que um monarca.

Envergonhado e furioso, o rei retornou ao palácio. No mesmo dia, mandou chamar o meteorologista e o despediu imediatamente.

— Incompetente! — bradou.

Em seguida, ordenou que trouxessem o camponês à sua presença.

— Você acertou a previsão! Deseja o cargo de meteorologista real?

O camponês coçou a cabeça e respondeu humildemente:

— Senhor, não entendo nada de meteorologia. Apenas observo meu burro. Quando as orelhas dele ficam caídas, sei que vai chover.

O rei, sem hesitar, declarou:

— Pois então contratemos o burro!

E assim se fez. O burro tornou-se o novo meteorologista real, recebendo honrarias, tapetes vermelhos e até um quarto na torre do castelo.

Desde esse dia, tornou-se tradição em muitos governos contratar burros — literalmente ou não — para ocupar altos cargos. E com o tempo, esses burros multiplicaram-se, espalhando-se pelas estruturas do poder, pelas empresas, pelos conselhos e gabinetes, dando palpites e tomando decisões… mesmo sem entender nada do que faziam.

Moral da história: Essa parábola moderna é uma crítica sarcástica, porém realista, aos processos de escolha e gestão no poder público e em certas organizações privadas. Revela como decisões absurdas podem se tornar normas quando se baseiam mais em conveniências e aparências do que em competência e racionalidade.

Muitas vezes, aqueles que falam simples verdades com base na experiência e na observação são ignorados, enquanto os “especialistas” bem vestidos, mas distantes da realidade, recebem altos salários — mesmo que suas decisões levem todos à ruína.

E assim, entre relinchos e orelhas caídas, seguimos observando a história se repetir...

 

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