A Parábola do Burro Invejoso

Uma ilustração animada apresenta um homem idoso, um burro e um cachorro labrador em uma cena interior, em que o homem parece estar saindo de uma porta e o cachorro correndo em direção à porta.

Em uma fazenda tranquila, vivia um agricultor solitário em uma casa ampla, auxiliado por dois serventes e uma cozinheira. Ele tinha um cachorro e um burro. O cachorro era seu companheiro constante: dormia aos seus pés, subia no sofá da sala e recebia carinhos diários. Estava sempre ao seu lado, correndo para recebê-lo com latidos alegres e o rabo abanando sempre que o agricultor retornava dos campos.

O burro, por sua vez, observava tudo de longe, carregando fardos, puxando o arado e sendo mantido no estábulo. Com o tempo, começou a ser consumido por um sentimento de inveja. Pensava consigo: “Por que o cachorro recebe tanto carinho? Eu também trabalho duro. Também sou leal. Por que não sou tratado da mesma forma?”

Um dia, tomado pelo desejo de conquistar o mesmo afeto, decidiu imitar o cachorro. Quando viu o agricultor se aproximando da casa, correu desajeitadamente em sua direção, tentando abanar o rabo e soltar algo que parecesse um latido — mas o que saía era apenas um gemido estranho. Pulava ao redor do dono, tentando brincar como vira o cachorro fazer tantas vezes.

O agricultor, surpreso e assustado, recuou, sem entender o comportamento do burro. Os serventes, ao verem o burro agindo de forma tão incomum, correram com pedaços de madeira e o afugentaram com violência, acreditando que ele havia enlouquecido e representava perigo.

Ferido e ensanguentado, o burro foi levado de volta ao estábulo e amarrado. Os serventes sugeriram que ele fosse sacrificado, mas o agricultor, ainda abalado, pediu calma: “Vamos esperar até amanhã. Talvez ele apenas tenha se assustado com algo.”

Durante a noite, deitado sobre a palha e sentindo as dores do corpo, o burro refletiu profundamente. “O que foi que eu fiz? Tentei ser quem não sou. Sou um burro. Não nasci para latir, nem para brincar no sofá. O cachorro não pode puxar uma carroça, assim como eu não posso viver dentro da casa.”

Foi então que um cordeiro que também vivia no estábulo se aproximou e disse com doçura:
— Burro, eu vi tudo o que aconteceu. Você tentou ser como o cachorro, mas isso não mudará seu valor diante do dono. Ele te respeita profundamente. Você tem o melhor espaço no estábulo, a melhor ração. É você quem ajuda o dono nos dias mais difíceis. Ele confia em você. Não se menospreze por não receber os mesmos gestos de carinho. Vocês são diferentes. E isso é bom.

O burro fechou os olhos e refletiu nas palavras do cordeiro. A verdade era simples e poderosa: cada ser tem sua natureza, seu papel e sua importância. Tentar ser alguém que não somos apenas traz dor, confusão e frustração.

A partir daquele dia, o burro decidiu ser o melhor burro que poderia ser. Voltou ao trabalho com disposição, carregando os fardos sem reclamações, arando os campos com firmeza e dignidade. E embora nunca mais tenha tentado latir ou brincar como o cachorro, passou a perceber o olhar de orgulho e respeito que o agricultor lhe lançava ao fim de cada jornada.

E assim, ele entendeu: o amor e o valor não estão em parecer com o outro, mas em ser quem somos, da melhor forma que podemos ser.

Como nos ensina a Palavra de Deus, em 1 Coríntios 11:1:
“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.”
E ainda, em Efésios 5:1:
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados.”

Não fomos chamados para imitar os homens ou tentar agradar copiando outros. Nosso modelo é Cristo. Quando tentamos assumir uma identidade que não é nossa, perdemos a direção. Mas quando seguimos o exemplo do Pai, cada um com seu dom, sua vocação e sua essência, encontramos paz, propósito e realização.

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