O BURRO ARREPENDIDO

Um burro pucxando uma carroça e um casal de idosos o observando

Era uma vez um burrinho chamado Bento, que vivia em uma fazenda encantadora no interior do Brasil. A fazenda de João era um verdadeiro paraíso: campos verdes e vastos, árvores frutíferas espalhadas por toda parte e um riacho cristalino que serpenteava pelo terreno. João, o fazendeiro, tratava Bento com tanto carinho que parecia mais um filho do que um animal de trabalho. Bento tinha a melhor ração, dormia em um colchão de palha macio e recebia banhos regulares. Quando ficava doente, João o levava ao veterinário sem hesitar. Bento até tinha brinquedos para se divertir.

Todos os dias, João ia até o estábulo e dizia: “Bom dia, Bento! Como você está hoje, meu amigo?” E Bento respondia com um relincho alegre, balançando a cabeça em sinal de felicidade. João então lhe dava a melhor ração e acariciava seu pelo, garantindo que Bento se sentisse amado e cuidado.

Um dia, Bento, em um momento de desobediência, deu um coice na porta da casa de João, quebrando-a. Ele estava bravo porque João o havia repreendido por mastigar as roupas que estavam no varal. “Bento, você não pode fazer isso! Essas roupas são importantes!”, disse João, com um tom firme mas carinhoso. Sentindo-se injustiçado, Bento decidiu fugir. Ele derrubou a cerca e saiu pela estrada.

Enquanto vagava, Bento foi avistado por um homem malvado chamado Severino. Severino era conhecido na região por sua crueldade com os animais. Ele tinha uma expressão sempre carrancuda e um olhar frio. Ao ver Bento sozinho na estrada, Severino pensou: “Esse burrinho vai ser útil na minha fazenda.” Sem pensar duas vezes, ele raptou Bento e o levou para uma fazenda distante.

A fazenda de Severino era o oposto da de João. Os campos eram secos e mal cuidados, os animais estavam magros e tristes, e o ambiente era sombrio. Bento foi forçado a trabalhar duro, quase não comia e dormia no pasto, exposto ao frio da noite. Ele ficou magro e triste, lembrando com saudade de seu antigo lar e do carinho de João.

Na fazenda de Severino, Bento enfrentava uma vida de privações e sofrimento. Ele era obrigado a carregar cargas pesadas por longas distâncias, mesmo quando estava exausto. Severino nunca lhe dava descanso, e Bento mal tinha tempo para se alimentar. A comida era escassa e de má qualidade, muitas vezes apenas restos que Severino jogava no chão. Bento dormia ao relento, sem abrigo, e enfrentava as noites frias e chuvosas sem proteção. Seus cascos estavam desgastados e doloridos, e ele sentia uma tristeza profunda por estar tão longe do amor e cuidado que recebia de João.

Enquanto isso, João, desesperado com o desaparecimento de Bento, procurou por ele em todos os lugares possíveis. Ele perguntava aos vizinhos, colocava cartazes e até oferecia recompensas. João ficava muito triste, mas mantinha a esperança de um dia encontrar Bento. No entanto, devido aos seus problemas de saúde, João acabou falecendo no hospital. Antes de morrer, ele disse a todos o quanto amava Bento e como esperava que ele estivesse bem.

Certa noite, Severino esqueceu a porteira aberta, e Bento aproveitou a chance para fugir. No entanto, a noite estava chuvosa, e Bento acabou atolado na lama, sem conseguir se levantar. Desesperado, ele se perguntava por que isso estava acontecendo.

De repente, uma sábia coruja apareceu e disse palavras de incentivo para Bento. “Bento, você é forte e corajoso. Não desista agora. Levante-se e continue sua jornada”, disse a coruja com uma voz suave e encorajadora. Com renovada determinação, Bento conseguiu se levantar e continuou sua jornada de volta para casa.

A fuga de Bento foi cheia de obstáculos e desafios. A chuva caía torrencialmente, tornando o caminho escorregadio e traiçoeiro. Bento teve que atravessar riachos que transbordavam, enfrentando correntes fortes que quase o arrastaram. Ele passou por florestas densas, onde galhos baixos e espinhos rasgavam sua pele. O vento frio cortava seu corpo, e trovões estrondosos o assustavam a cada passo. Mesmo assim, Bento seguiu em frente, guiado pela esperança de encontrar seu antigo lar.

Após dias de caminhada, ele finalmente chegou à sua antiga fazenda, mas encontrou o lugar descuidado e vazio. João não estava mais lá.

Bento começou a procurar seu antigo dono na vizinhança e descobriu que João havia falecido. Com o coração pesado, Bento percebeu o quanto havia perdido ao fugir. Ele entendeu que, apesar das repreensões, João sempre o amou e cuidou dele. Bento se deitou no chão, sentindo uma tristeza profunda.

Nesse momento, a sábia coruja reapareceu. “Bento, você agora entende as consequências de suas ações. João te amava e cuidava de você, mas você não valorizou isso. Às vezes, precisamos perder algo para entender seu verdadeiro valor. Aprenda com isso e leve essa lição para o resto da sua vida.”

Bento, com lágrimas nos olhos, perguntou: “Coruja, por que eu não percebi isso antes? Eu só queria ser livre, mas agora vejo que a liberdade sem amor e cuidado não vale nada.”

A coruja respondeu com um sorriso gentil: “Bento, todos cometemos erros. O importante é aprender com eles. João sabia que você era especial e sempre quis o melhor para você. Agora, você tem a chance de honrar a memória dele vivendo de forma grata e amorosa.”

Bento suspirou e disse: “Eu sinto tanta falta dele. Eu queria poder dizer o quanto eu o amava.”

A coruja colocou uma asa reconfortante sobre Bento e disse: “Ele sabia, Bento. O amor verdadeiro não precisa de palavras. Ele está em cada gesto, em cada cuidado. E agora, você pode espalhar esse amor para outros, assim como João fez por você.”

Pouco tempo depois, Bento foi adotado por um casal de idosos que vivia nas proximidades. Eles eram gentis e amorosos, e Bento encontrou um novo lar onde era novamente tratado com carinho. Ele demonstrava mais gratidão do que nunca e trabalhava arduamente na fazenda para que o casal pudesse viver das colheitas. Bento ajudava a arar a terra, transportar os produtos e até a proteger a fazenda de intrusos.

O casal de idosos frequentemente dizia: “Bento, você é uma bênção para nós. Não sabemos o que faríamos sem você.” E Bento, com um olhar de gratidão, relinchava em resposta, feliz por poder retribuir o amor e o cuidado que recebia.

Moral da história: Às vezes, não valorizamos o que temos até que o perdemos. É importante reconhecer e apreciar o carinho e cuidado que recebemos, mesmo que nem sempre concordemos com todas as ações de quem nos ama. A gratidão e o reconhecimento do amor que recebemos são fundamentais para uma vida plena e feliz.

Nossos pais são os pilares de nossas vidas. Desde o momento em que nascemos, eles nos cuidam, nos protegem e nos guiam. Eles fazem inúmeros sacrifícios para garantir que tenhamos uma vida melhor, muitas vezes colocando nossas necessidades acima das deles. É fácil, no dia a dia, esquecer o quanto eles fazem por nós, mas é essencial lembrar e valorizar cada gesto de amor e cuidado.

Assim como João cuidava de Bento com tanto carinho, nossos pais também nos oferecem amor incondicional. Eles nos ensinam, nos apoiam e estão sempre ao nosso lado, mesmo quando cometemos erros. No entanto, assim como João, um dia eles também nos deixarão. E quando esse dia chegar, a saudade será imensa.

Por isso, é importante mostrar nossa gratidão enquanto ainda temos a oportunidade. Passe tempo com seus pais, ouça suas histórias, agradeça pelos sacrifícios que fizeram e demonstre seu amor. Pequenos gestos de carinho e reconhecimento podem fazer uma grande diferença.

Valorize cada momento, cada conselho e cada abraço. Nossos pais são tesouros que devemos apreciar todos os dias, pois o tempo é precioso e não volta atrás. Ame, respeite e cuide de seus pais, pois um dia, assim como João, eles partirão, deixando saudades e lembranças que carregaremos para sempre.

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