O Velho Sábio e o Cavalo Branco

Um homem idoso com longa barba branca e cabelo grisalho, posa em um campo montanhoso.

Numa aldeia distante, vivia um velho conhecido por sua sabedoria serena. Ele possuía um cavalo branco belíssimo, de porte majestoso e espírito livre. Era o orgulho da região, e muitos o cobiçavam.

Certa manhã, ao verificar a cocheira, o velho percebeu que o cavalo havia desaparecido. Os aldeões logo se reuniram e disseram:

— Que desgraça! Roubaram seu cavalo, logo o mais valioso da aldeia!

Mas o velho apenas respondeu com calma:

— Apenas digam que o cavalo não está mais na cocheira. O resto é julgamento. Quem sabe se isso é uma desgraça?

Os aldeões zombaram de sua resposta. Afinal, para eles, a perda era evidente.

Duas semanas depois, para espanto de todos, o cavalo retornou. Não sozinho, mas trazendo consigo uma dúzia de cavalos selvagens que havia encontrado na floresta.

— Que sorte, meu velho! — exclamaram os vizinhos. — Agora você tem uma manada inteira! Você tinha razão, era mesmo uma bênção!

Mas o velho, com os olhos tranquilos, respondeu:

— Apenas digam que meu cavalo voltou, e trouxe outros consigo. Se isso é uma bênção ou não, ainda não sabemos.

O único filho do velho começou a domar os cavalos. Mas numa dessas tentativas, caiu e quebrou as duas pernas.

— Ah, pobre homem — disseram os aldeões. — Seu único filho agora está incapacitado. Que tragédia!

— Apenas digam que meu filho quebrou as pernas — respondeu o velho. — Se isso é uma bênção ou uma desgraça, ninguém pode saber.

Algumas semanas depois, o país entrou em guerra. Todos os jovens da aldeia foram convocados para o exército. Nenhum voltou com vida.

Somente o filho do velho ficou — impedido de lutar por conta das pernas fraturadas.

A cada evento, os aldeões apressavam-se em rotular o acontecimento: sorte ou azar, bênção ou tragédia. Mas o velho sabia o que eles ainda não compreendiam: a vida é um fluxo constante de acontecimentos, e nenhum deles pode ser julgado de forma isolada.

Moral da História: Evite julgamentos apressados. A vida é feita de capítulos, e o que hoje parece o fim pode ser apenas o início de algo maior. Aquilo que enxergamos como perda pode, com o tempo, revelar-se um livramento. E o que parece bênção imediata pode, mais adiante, revelar sua verdadeira natureza.

Portanto, não se apresse em rotular os acontecimentos como bons ou ruins. Apenas viva, observe, aprenda. A sabedoria está em aceitar que nem sempre temos todas as peças do quebra-cabeça.

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